segunda-feira, 19 de março de 2012

O arrependimento de Jó

Graça e paz vos sejam multiplicadas! Hoje farei uma pausa nos devocionais sobre o texto de Mateus para trazer uma reflexão que está a um tempo em minha mente e tem me feito meditar muito. Espero que os irmãos sejam abençoados e creio que com esta reflexão poderemos examinar melhor os textos bíblicos seguintes.

“Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42:5, 6).

Este texto é muito precioso para entendermos toda a história de Jó: ele se arrependeu. Isso parece curioso, se lembrarmos que o tempo todo ele se defende de seus amigos acusadores. É ainda estranho porque Deus mesmo se gaba de Jó, como leremos mais à frente. Então porque Jó se arrependeu?

Ele se arrependeu e se odiou porque antes, só conhecia a Deus de ouvir falar. Jó não tinha nenhum motivo de arrependimento na sua devoção pessoal, ou na sua vida justa, santa, generosa. Jó não tinha de quê se arrepender consoante seus motivos ou qualquer dúvida contra Deus, ou pela falta de fé. Ele simplesmente não conhecia a Deus de forma pessoal e íntima. E, por isso, ele se arrepende tanto.

É necessário notar que essa falta de intimidade com Deus não impediu Jó de ter uma vida voltada para Ele. “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal” Assim o livro introduz seu protagonista já nas primeiras linhas. Somos também informados de que Jó santificava seus filhos e pedia perdão pelos pecados que eles pudessem ter cometido, mesmo em seus corações ou pensamentos. O próprio Deus elogia a Jó, e o considera único e inigualável em relação a todos os outros homens (Jó 1:8).

Jó, entretanto, passa por um período de privações e dúvidas. Todos os benefícios materiais de que Deus lhe permitiu gozar até agora lhe são retirados. O que este homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal, diz? “Nu saí do ventre da minha mãe e nu voltarei; o SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR!” Jó louva a Deus, ainda na adversidade.

Depois, sua própria saúde é tirada, sua esposa lhe diz para amaldiçoar a Deus e morrer, e seus amigos lhe acusam de todos os pecados que possam pensar. Dúvidas, dificuldades e um céu silencioso são jogados sobre Jó, mas esse homem permanece firme, sabedor de que o seu Redentor vive e que um dia se levantaria sobre a terra.

Chega, enfim, o momento em que dos céus se ouve uma resposta enigmática. O que Deus estaria querendo dizer com todas aquelas informações sobre estrelas e comportamento de animais? Jó, entretanto, percebeu perfeitamente: Deus, que é inescrutável, estava revelando a Si mesmo a Jó o tempo todo por meio da criação, mesmo o fato de Ele ser insondável e inalcançável com nosso pensamento. Mas que, exatamente por isso, não há limites em O conhecer e podemos sempre nos aprofundar no conhecimento do Altíssimo, e termos assim gozo e alegria infinitos (Jr 9:23, 24).

Jó se arrependeu de não conhecer o Senhor intimamente, mas a sua saga é prova de que Deus se revela em intimidade aos que O temem (Sl 25:14). Temos verdadeiro temor do Senhor? Será que não deveríamos nos arrepender e nos abominar no pó e na cinza, como Jó, por não O conhecermos ainda mais? Será que precisamos de mais temor e de uma vida íntegra e reta como a de Jó, se desviando do mal, ou estaremos satisfeitos com a sensação enganosa do nosso coração de termos intimidade com Deus sem, no entanto, que Ele nos faça arder o coração em temor e obediência?

Que prossigamos, portanto, estudando a Palavra de Deus, tendo o temor do Senhor sobre nós a fim de que estejamos sempre O conhecendo cada vez mais. Amém!

4 comentários:

  1. Obrigada! Hj foi o dia do meu encontro e arrependimento

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  2. Obrigada. Me ajudou no meu devocional

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  3. Jó se arrepende e se retrata de suas palavras, ao passo que, nos termos da tradução de Jack Miles, Jó não searrepende nem se retrata, e, diante da manifestação de um deus que ele descobre como insensível, o personagem exprime profunda pena pelo “barro mortal”. Com base no texto hebraico de Jó 42,6, o artigo avalia que, em termos gramaticais, tanto a tradução tradicional quanto a
    de Miles são adequadas, e concluir que a de Miles é preferível em relação
    à tradicional porque ela funciona melhor em termos de coerência com a estratégia narrativa do Livro de Jó.
    Do artigo de Luiz O Ribeiro

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    Respostas
    1. Esqueci de por meu nome, perdão. Débora Catharino

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